Ao passar de carro ao lado de uma ciclovia, é difícil não ouvir um comentário como “ela está sempre vazia”, “isso tira espaço dos carros” ou “as lojas perdem clientes”. Mas será que essas afirmações têm algum fundo de razão? Veja alguns mitos muito populares sobre as ciclovias – e qual é a verdade sobre elas.
Piora o trânsito
Esse talvez seja o mito mais comum, uma vez que parece lógico que ao tirar uma faixa dos veículos eles ficarão mais congestionados. Mas aqui entra em cena a ideia da demanda induzida: quanto mais espaço, mais carros --e o inverso também é verdadeiro. E também pode acontecer que, na presença de ciclovias, mais pessoas troquem o carro pela bicicleta. Em algumas cidades, o tráfego de carros aumentou porque há mais carros de serviços de transporte (aplicativos e entregas) rodando. Por fim, é sempre bom lembrar que o que causa congestionamento são os carros.
Elas estão sempre vazias
Tem sempre alguém para postar nas redes sociais uma foto de ciclovia vazia e dizer que ninguém usa esse espaço. Mas o vazio em alguns trechos só sinaliza que o tráfego de bicicletas está fluindo --e que as bicicletas provavelmente reaparecerão no próximo sinal vermelho.
Só a classe média pedala
Em todo o mundo, dados mostram que as pessoas mais pobres também usam a ciclovia, pois a bicicleta é um meio gratuito de transporte. E podem usar mais se elas se tornarem mais seguras e mais conectadas, especialmente para atender quem tem que fazer vários trajetos em uma viagem (por exemplo, de casa à escola dos filhos e depois ao trabalho).
São prejudiciais ao comércio
Outra reclamação é que a ciclovia tira espaço de estacionamento de carros e prejudica o comércio de rua. Isso não é verdade: primeiro porque o crescimento do comércio eletrônico reduz as visitas às lojas. Alguns estudos mostram, por exemplo, que os consumidores ciclistas compram mais em longo prazo. E, em Nova Iorque, um outro estudo revelou que negócio em ruas com rotas de bicicleta cresceram mais rapidamente que os que ficavam em ruas sem elas.
Pedestres ficam em perigo
As evidências, na verdade, apontam o contrário: os carros e outros veículos motorizados é que causam a maior parte dos acidentes com pedestres. Na cidade de São Paulo, por exemplo, morreram mais motociclistas (366) do que pedestres (349) em 2018 - e a maioria das mortes ocorreu de madrugada e na noite de sábado ou domingo, períodos em que quase não há bicicletas circulando.
Ciclovias são caras...
A construção e a manutenção de quilômetros de ciclovia não são mais caras do que as de uma rodovia, por exemplo. Em Manchester, no Reino Unido, a revitalização da cidade previu o gasto de 1,5 bilhão de libras na construção de 2.900 km de ciclovias --e de 1,4 bilhão para melhorar um único trevo rodoviário.
...e desnecessárias
Nas grandes cidades, andar de bicicleta é uma maneira de atacar problemas como congestionamentos, poluição do ar e sonora e segurança no trânsito. Sem essa alternativa, qual é a saída?
Via Mobilize